Estamos com essa programação no segundo semestre, dando continuidade à proposta com o tema : O Significado dos Sonhos.
segunda-feira, 3 de junho de 2013
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Filme: Meia Noite em Paris
Meia Noite em Paris
por: Verusa Silveira
Diretor e Roteirista: Woody Allen
Elenco:
Gil Pender: Owen Wilson
Inês: Raquel McAdams
Adriana: Marion Cotillard
Ernest Haminway: Corey Stoll
Gertrude Stein: Kathy Bates
Trilha Sonora: Stephane Wrembel
Escrito e dirigido por Woody Allen; premiado no Oscar 2012 como melhor roteiro original.
O diretor mostra uma grande paixão pela “Cidade Luz” como é conhecida Paris, iniciando a filmagem com cenas belíssimas da cidade em seu cotidiano e na chuva, trazendo imagens de apreciação estética, sensibilidade e romantismo, envolvendo a todos num clima de beleza.
Paris histórica, dos escritores e artistas, com charme de cidade antiga e ao mesmo tempo cosmopolita, parece um cartão-postal.
Atravessamos lindos jardins de Luxemburgo e de Tuilleries para chegar ao Museu do Louvre, mistura do antigo com o novo através da pirâmide moderna de vidro e símbolo de equilíbrio no Egito.
A bela paisagem nas margens arborizadas do rio Sena que marca a cidade nos convida a caminhar, a flanar pelo cais a sonhar e navegar no bateau mouche, junto aos outros turistas até chegar à catedral de Notre Dame e se extasiar diante dos vitrais coloridos em forma de mandalas que remetem ao sagrado.
O bairro de Montmartre, tradição de pintores a fazer retratos, boêmios, poetas, curtidores varando à noite. O Moulin Rouge com suas dançarinas cheio de erotismo e prazer dançando o can-can; subindo as escadarias do Sacré Coeur, o mirante da cidade vista de cima.
Detalhes arquitetônicos e motivos decorativos, estátuas, rostos esculpidos, anjos de bronze e de pedra que protegem a cidade, iluminados por lampiões à noite, de luz amarelo-ouro.
No frio, entrar num bistrô e beber uma taça de vinho e sair caminhando aquecido, estimulando as fantasias e, quem sabe... Subir à Torre Eiffel ou dar um passeio na Praça Des Vosges, lugar nobre e conhecer a casa de Vitor Hugo onde ele escreveu “Os Miseráveis”.
Andar pela Avenida Champs Ellysées cercada de grandes magazines, cafés, restaurantes, cinemas, até chegar ao Arco do Triunfo, observando o movimento cotidiano, pedir um café e deixar o tempo passar...
Visitar o teatro Ópera antigo patrimônio histórico, e assistir uma peça no atual Ópera onde se celebra grandes eventos culturais, fazendo parte da vida contemporânea, herança artística e literária da antiguidade.
O antigo e o novo se misturam nessa cidade histórica e nos seus personagens atraindo percepções e vivências de realidade totalmente diferentes.
O relógio batendo à meia noite prenuncia uma passagem mágica, misto de fantasia e realidade, imaginação e loucura, pequenos e grandes sonhos, mistério... Cenário ideal para uma nova aventura!
A chuva é uma metáfora poética de sensibilidade, subjetividade, sentimento que convida à intimidade e desejo de amar.
A narrativa do filme retrata um casal de americanos preparando-se para o casamento e decidem visitar Paris com os pais da noiva, que viajam em assuntos particulares de negócios; inicia com essa discordância de objetivos.
Gil é um escritor bem sucedido de roteiros de filmes e está em busca de inspiração para seu novo livro sobre um personagem que tem uma loja de antiguidades.
Admira os escritores e artistas parisienses. É um personagem sensível, inseguro, com dificuldades de valorizar-se, apesar de ser um homem inteligente, criativo, e também sonhador, fantasioso, e imagina estar apaixonado por sua bela noiva que o critica com frequência, havendo poucas afinidades entre eles, que se acentuam nessa viajem.
É um casal com personalidades bem opostas e metas diferentes.
Inês é uma bela jovem com uma visão pragmática da vida, ambiciosa, dominadora, imediatista, tem um olhar turístico e consumista para cidade, faz compras para o casamento e critica Gil, sempre cortando sua espontaneidade e não valoriza sua criatividade; não acredita no sucesso do seu livro e pede que ele mostre a alguém que possa julgar o conteúdo.
No primeiro encontro com os futuros sogros num jantar, aparecem conflitos ideológicos entre Gil e eles, que se acentuam com um encontro inesperado de um casal de colegas antigos de Inês, que os convidam a visitar Versalhes, cidade afastada de Paris, e Gil não gosta dessa ideia.
Nesse momento inicia um corte na relação do casal, pois Inês está fascinada por Paul, com quem já teve um caso amoroso no passado.
Esse encontro de coincidência pode indicar uma Sincronicidade ou princípio de conexão acausal que não se explica pela razão lógica, permitindo o desenvolvimento da trama para uma direção oposta ao que Gil fantasiava romanticamente com sua noiva.
A vida é feita de coincidências significativas como essa, podendo produzir mudanças e grandes transformações.
Paul é um tipo arrogante, onipotente, falso intelectual, sedutor e pragmático. Carol é uma figura apagada, dominada pelo companheiro.
Inês gosta do estilo de Paul que se assemelha à sua proposta de vida baseada na aparência.
Seus pais, pessoas de nível social elevado, não estão satisfeitos com seu futuro genro sonhador e pouco ambicioso, na sua inocência de sentir a vida como um louco e criança, sem limites, constelado no arquétipo da Criança Divina, representação do Self.
Vemos o arquétipo da Persona, papéis ou máscaras que representamos na sociedade através das figuras de Paul, Inês e seus pais, preocupados em manter as formalidades.
Gil rompe esse padrão de comportamento, expressando sua subjetividade ou mundo interior, indicando um homem com uma anima forte que expressa sua afetividade, espontaneidade, independente do julgamento alheio.
A anima é o arquétipo da feminilidade inconsciente do homem.
Atrás da Persona, no entanto, esconde-se a Sombra desses personagens: Inês e Paul, traidores e dissimulados, egoístas, insensíveis e inflados. Paul pode ser considerado um espelho para Inês.
Ela aceita o convite dos amigos para ir a Versalhes e Gil acompanha; Paul fica no papel de guia turístico e professor, monopolizando o passeio, contrariando a proposta descontraída de Gil.
As mulheres estão fascinadas pelo conhecimento intelectual de Paul e Gil sente-se excluído e inferior.
Segue-se um novo convite de degustação de vinhos pelo sogro e novamente Carol reforça o ego do marido que é expert em vinhos.
Gil está solto e bebendo muito nesse encontro; expressa enamora mento pela sua noiva; na despedida, o casal os convida para dançar e dessa vez Gil recusa e Carol decide acompanha-los.
Gil caminha pela cidade meio bêbado, perdido, não sabe onde fica o hotel.
Senta-se numa escadaria e sonha que o permite ir para outro tempo.
O relógio bate à meia noite e um carro antigo Peugeot se aproxima com pessoas convidando-o a viver uma aventura, se divertir! Estão bebendo e lhe oferecem champanhe para continuar a noite.
A sua fantasia se torna real quando se vê numa festa para Jean Cocteau, poeta, escritor e cineasta francês, ao som da música de Cole Porter ao piano (Let’s Fall in Love) e rodeado de escritores dos anos 20, Zelda e Scott Fitzgerald, e outros. Gil está perplexo diante do que vê e se apresenta como um escritor que se interessa em mostrar seu livro.
O sonho de Gil acontece nos chamados “Anos Loucos”, uma época de profundas transformações culturais e sociais, que se seguiu ao fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Uma nova mentalidade surgia na capital da arte sempre aberta a todas as influencias revolucionárias e vanguardistas da época e que foram precursoras do Movimento Modernista.
Paris era o ponto de encontro dos grandes intelectuais e artistas.
A influência americana é marcante na música através do jazz e da dança como o charleston.
O movimento feminista emergia com força começando a mudar profundamente os relacionamentos e a vida social
A tônica era aproveitar a vida que é curta... As festas, as bebedeiras e as farras são características da vida boemia.
O personagem Gil estava revivendo essa idealização do passado como fuga do presente ou ampliando seu momento através da capacidade de fantasiar?
Sonho e realidade se misturam no personagem central da trama.
Gil encontra inspiração no ato de caminhar livremente pelas ruas de Paris, fortalecendo suas escolhas. Está indeciso e perdido. Sonha...
Na visão Junguiana, os sonhos compensam a vida consciente; são os grandes mensageiros do inconsciente e cartas do self.
A linguagem dos sonhos é atemporal podendo falar do presente, passado ou futuro e sempre se refere ao estado psíquico do sonhador; não segue a lógica cartesiana e se comunica através dos símbolos e das metáforas.
Gil sonha que está em Paris dos anos 20... Um cenário oposto ao que ele vive; um ambiente de efervescência cultural, artística e social...
O sonho revela exatamente o que ele precisava e que estava dentro do próprio ambiente psíquico em potencial.
De que tem medo Gil Pender?
Seu primeiro desafio em sua viajem interior, é o encontro com o jornalista e escritor Hemingway, que escreveu o livro “Paris é uma festa,” baseado nas anotações em cadernos, frutos de sua vida cotidiana no período entre 1921 e 1926 aprendendo a arte de escrever junto a outros talentos como Joyce e Fitzgerald, para os quais a literatura era uma forma existencial, livre, aventureira, festiva, de encontrar um sentido para a vida.
Conta-se que Hemingway esteve em 1957 em Paris de passagem, e recupera no hotel Ritz, onde se hospedava seus escritos do passado, através dos bagagistas que lhe entregam duas malas esquecidas de trinta anos antes.
“Paris é uma festa” surgiu postumamente em 1964.
O encontro de Gil com Hemingway revela um rosto angustiado e triste, solitário, bebendo, e afronta esse desconhecido com o tema do amor e da morte.
“Nunca escreverá bem se tiver medo de morrer”. “Já amou uma mulher”?
“Toda covardia vem de não amar ou não amar bem, o que dá no mesmo”.
Diz que vai apresentá-lo a Gertrude Stein, para avaliar seu livro.
Gil se identifica com Hemingway que possui as características que ele deseja para si: é criativo, corajoso, ambicioso e intrépido ao escrever. É o próprio sonho de Gil, seu modelo.
Gertrude Stein, escritora, poeta e feminista nascida nos EUA, vivia em Paris; sua casa era ponto de encontro de jovens artistas vanguardistas, como Pablo Picasso do cubismo e Dali do surrealismo.
Enquanto isso, no sec. 21, os passeios dos dois casais continuam e numa visita ao museu do escultor Rodin, a guia é contestada por Paul sobre as duas mulheres de Rodin, afirmando que a esposa é Camile Claudel e Rose é a amante.
Gil defende a guia com segurança reforçando sua informação, para surpresa de Inês que considera Gil insano.
Este convida Inês para viver as suas experiências, levando-a para a escada onde ele encontrava os antigos escritores e artistas.
A escada simboliza um portal para o imaginário ou mundo interno do sonhador.
Inês se cansa de esperar e retorna ao hotel só e frustrada. Estão totalmente desencontrados.
Gil continua suas vivências e sonhos; apaixona-se por uma linda mulher Adriana que o corresponde e é musa inspiradora de Picasso, Modigliani, Hemingway e outros. Ela estuda moda com Coco Chanel e se identifica com o passado como ele.
Enquanto isso, Inês está saindo com Paul para dançar e a paixão do passado é retomada.
Gil foge no seu sonho para o passado, para não enfrentar a realidade presente dolorosa dos fatos.
E Carol? Fica ausente?
Em um de seus passeios pela cidade, entediado com a noiva e sogra, encontra uma loja onde foi atraído pela música de Cole Porter e pela vendedora jovem e atraente. Travam um diálogo fugaz e é interrompido.
Inês e os pais vão passar um fim de semana fora da cidade e Gil se recusa a ir, continuando sua viagem interna.
Sonha que está com Adriana na Belle Epoque ou Idade de Ouro período que vai de 1880 ao início da primeira Guerra Mundial em 1914.
É caracterizada por profundas transformações culturais que traduzem novas formas de pensar e viver o cotidiano; era de beleza, inovação e paz entre os países europeus.
A cena cultural estava em evidencia, os cabarés, o cancan e o cinema havia nascido. A arte tomava novas formas com o Impressionismo e o Art Nouveau.
Gil se encontra com seus grandes expoentes Tolouse Lautrec, Gaugin e Degas.
Adriana representa um aspecto da anima idealizada de Gil e através dela pode vivenciar o amor romântico que tanto desejava. Chegam ao clímax do sonho.
Seu sogro constelou o arquétipo da sombra contratando um detetive para segui-lo nas noites misteriosas e este também se perdeu em suas fantasias e ninguém sabia dar notícias dele.
O detetive foi influenciado por outros níveis da consciência? O que aconteceu?
Em sua última viagem pela Belle Époque com Adriana, ele afirma sua identidade no presente 2010 e que está visitando 1880. Ela diz pertencer ao passado e ser emotiva e que vai ficar lá.
Eles se despedem. É a lise ou desfecho do sonho.
Gil reencontra com Gertrude que elogia seu livro que considera como ficção científica e isso dá coragem e estímulo para sua criatividade e seguir adiante com confiança..
Ela também o adverte que ele precisava enxergar a relação paralela entre Inês e Paul.
Ela diz que a função do artista é encontrar um sentido para o vazio de sua existência.
Gertrude foi uma mentora para Gil, funcionando como arquétipo materno positivo, aspecto também de anima, no seu papel de incentivadora da profissão de escritor dando asas à sua liberdade criadora.
Para que CRIAR?
Gil retoma a conexão com o presente e decide separar-se da noiva que fica surpresa com sua escolha consciente.
Ele realizou a metanóia ou transformação através do imaginário, fortalecendo seu Ego e libertando-se dos padrões convencionais para seguir o curso evolutivo de seu processo de individuação.
O filme traz com maestria uma das máximas da Psicoterapia Junguiana:
“Os Sonhos Curam”.
Através dos seus sonhos, Gil ressignifica o presente; sua autoestima melhora, fortalece seu ego, sai da simbiose neurótica com sua noiva cortando os laços que o aprisionavam e assume suas escolhas de ficar em Paris, em busca de sua nova identidade como escritor e do seu Self criador.
Caminha pelas ruas de Paris à noite, avista a Torre Eiffel iluminada como estrelas cintilantes e tem um encontro sincronico com a vendedora de instrumentos musicais, do disco de Cole Porter.
Convida-a para caminhar pelas ruas e a chuva cai novamente; ela diz que gosta de ficar molhada como ele e seu nome é Gabrielle.
“Paris fica mais bonita na chuva.”
Essa viagem histórica, literária, artística e cultural, abrangendo séculos passados deu continuidade à Arte Moderna e Pós Moderna coexistindo essa ligação misteriosa de várias épocas da civilização em uma única História que reúne Tudo e Todos através do Inconsciente Coletivo que é Universal e Arquetípico.
Podemos considerar a cidade luz, Paris, como um arquétipo mágico e cultural, capaz de despertar o imaginário das pessoas sensíveis e criadoras.
Continuamos caminhando pela Cidade Luz e sendo influenciados por todos esses grandes homens e mulheres que fizeram a História da Humanidade evoluir com suas criatividades e gênios, do século 18 ao século 21.
“Paris é uma Festa” de Hemingway e continua celebrando a Beleza que elegeu para si.
O grande diretor realiza seu sonho artístico levando milhões de expectadores à Cidade Luz.
As Aventuras de PI
Cinema no Consultório: “AS AVENTURAS DE PI”
Um menino, um tigre e o mar: os protagonistas de uma experiência de
limiar entre a vida e a morte!
Um Filme de Ang Lee, vencedor de vários prêmios no Oscar de
2013, baseado no romance “A Vida de PI” de
Yann Martel que é inspirado no livro “Max e os felinos” do brasileiro Moacyr Scliar.Uma reflexão sobre a fé, os instintos e a luta pela sobrevivência, que nos faz imergir no extraordinário e na magia.
segunda-feira, 6 de maio de 2013
2ª Palestra: Tipos de Sonhos e como se trabalha um Sonho no cotidiano
A Saraiva em parceria com o Núcleo de Estudos Junguianos-Bahia, realiza o evento “Papos & Ideias” com o Tema:
O Significado dos Sonhos: Porque e Para que Sonhar?
Faremos uma série de oito palestras de abril a novembro na terceira quarta-feira mensal.
2ª palestra:15/05/2013 das 19h30min às 21:00 horas, na Saraiva do Salvador Shopping
Tema: Tipos de Sonhos e como se trabalha um sonho no cotidiano.
Palestrante: Dra.
Verusa da Silveira,
médica psiquiatra, psicoterapeuta Junguiana, coordenadora do Núcleo de Estudos
Junguianos da Bahia.
segunda-feira, 22 de abril de 2013
Análise do filme Meia Noite em Paris na Saraiva do Salvador Shopping
Cinema no Consultório: Meia Noite em Paris é um Sonho?
A imaginação e a realidade se misturam nessa trama de sonhos
e beleza indescritíveis cujo tema principal é o Amor-Eros com seus conflitos e
realizações.
Este ano teremos o prazer da parceria com a Saraiva do
Salvador Shopping, no último domingo mensal com um programa de oito filmes. A
abertura será em 28 de abril das 17:00 às 19:30 hs, com o filme Meia Noite em
Paris, escrito e dirigido por Woody Allen. Faremos a análise psicológica do
filme e a troca de ideias com os participantes. Evento gratuito.
domingo, 7 de abril de 2013
Papos e Idéias na Livraria Saraiva - 17/04/2013
A Saraiva em parceria com o Núcleo de Estudos Junguianos-Bahia, realiza o evento “Papos &Idéias” com o Tema:
O Significado dos Sonhos: Porque e Para que Sonhar?
Faremos uma série de oito palestras de abril a novembro na terceira quarta-feira mensal.
O que é Sonhar e Imaginar na visão da Psicologia Analítica Junguiana.
Palestrante: Dra.Verusa Silveira, médica psiquiatra, psicoterapeuta Junguiana, coordenadora do Núcleo de Estudos Junguianos da Bahia.
segunda-feira, 4 de março de 2013
Processo de Individuação
É o termo que Jung usou para
se referir ao processo que realizamos ao longo de nossa vida no sentido de nos
tornarmos os seres humanos completos que nascemos para ser. A individuação é
nosso despertar para o ser total.
É chamado “individuação” porque esse processo de
construir a nós mesmos e nos tornarmos completos também revela nossa estrutura especial, individual.
Jung enfatizou a
singularidade da estrutura psicológica de cada ser.
Quanto mais encaramos o
inconsciente e fazemos uma síntese entre o seu conteúdo e o que está na mente consciente, mais percebemos o sentido de nossa
individualidade única.
Cada um de nós tem uma estrutura psicológica distinta e é só pela
vivência desta estrutura inerente que descobrimos o que significa ser um
indivíduo.
Para a visão de mundo
Junguiano, o homem só se torna um ser integrado, tranquilo, fértil e feliz
quando (e só então) o seu processo de individuação está sendo realizado, quando
consciente e inconsciente aprenderem a conviver em paz e completando-se um ao
outro.
Essa história do fazedor de chuvas de Kiao Chan, foi contada a Jung por
Richard Wilhelm, sinólogo, que fez a tradução do I. Ching e exemplifica a sincronicidade como um aspecto do processo de individuação e da humanização do ser humano.
“Havia
uma grande seca. Durante meses não caíra uma gôta de chuva na região de Kiang Su
e a situação tornava-se catastrófica. Os católicos faziam procissões, os
protestantes oravam e os chineses queimavam varetas de incensos e disparavam
canhões para afugentar os demônios da seca, porém sem nenhum resultado.
Finalmente, os chineses disseram: “Buscaremos o fazedor de chuvas”. E apareceu
um velhinho magérrimo, vindo de outra província. A única coisa que pediu foi
uma pequena casa tranquila, no alto de uma montanha próxima, onde se trancou durante três dias. No quarto
dia, formaram-se nuvens e houve uma grande tempestade para alegria geral de
todos. A cidade fervilhava tanto de comentários a respeito do maravilhoso
fazedor de chuvas que Richard Wilhelm foi perguntar ao homem como ele a havia
realizado. Indagou de modo típicamente europeu: “Chamam-no de fazedor de
chuvas; poderia me dizer como causou a chuva?”. A o que o pequeno chinês respondeu:
"Eu não sou o responsável pela chuva". “Mas
o que você fez durante esses três dias?”
“Eu
notei que as pessoas estavam muito perturbadas e “fora do Tao” ;isso me
contaminou e eu tive de esperar 3 dias,
para “voltar ao Tao”; então, naturalmente, a chuva caiu.”
Seminário realizado pelo Núcleo de Estudos Junguianos- Bahia
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