quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A Mente Ampliada de Ruppert Sheldrake.

Seminário no CIT em 11/08/2010.

Livro: A Revolução da Consciência. Novas descobertas sobre a mente no século 21. Francisco Di Biase e Richard Amoroso

Escolhi focalizar os animais através do conceito de campos mórficos de Sheldrake.

A minha escolha se deve ao desejo de querer compartilhar as experiências vividas com os gatos, principalmente com meu gato de estimação Apolo de Ganesha, que completou em 02 de agosto desse ano, 14 anos sob o signo de Leão, assemelhando-se a um leãozinho, de cor ruiva com olhos de âmbar, pesando 07 kg, de raça persa, filho de americanos Black Jack e Miss Fuffi de Ganesha.

O meu primeiro contato com ele foi logo após seu nascimento, junto aos outros irmãos, todos lindos, sendo difícil escolher. O meu critério foi pela cor ruiva avermelhada, red tabby de sua linhagem universal ou por uma empatia sutil.

Para minha surpresa, a dona do gatil era cunhada do meu cunhado, havendo, portanto parentesco; cheguei até lá através de um anúncio de jornal.

Nossa primeira experiência é que fui buscá-lo na data combinada e ele desapareceu deixando a dona da casa aflita imaginando que ele pudesse ter saído quando ela chegou com as compras e a porta ficou aberta por longo tempo. Ficamos conversando e recebo a informação que ele ainda mamava. Naquele instante, compreendi que ele ainda não estava preparado para sair de junto de sua mãe e que era um gato esperto e muito inteligente. Esperei mais duas semanas para adotá-lo e assim foi em setembro de 1996.

Essa história iniciou com um presente que recebi no dia das mães, de uma amiga, uma linda gata persa, Morgana, toda branca com olhos rosados e aura também rosada. Tinha 10 meses e vivia numa casa que havia nascido um bebê e ela subia no berço e corria atrás das galinhas no quintal. Era muito arisca, tinha olhos assustados e foram muitos meses para amansá-la. Entrou no cio e tive que levá-la para cruzar com um belo gato e nasceram 05 filhotes.

Enquanto isso, Apolo se integrou à sua nova família e queria mamar em Morgana com freqüência junto à ninhada que se reunia em círculo logo após o nascimento. Observei esse fenômeno natural de auto preservação do reino animal. O Círculo é o símbolo da totalidade sendo a origem do Ser.

Ajudei Morgana a parir que estava assustada em sua primeira ninhada; um deles morreu. Vivi essa experiência ao seu lado dando suporte como parteira e me reconectei aos instintos maternos. Imaginei que os gatos trariam um aprendizado do meu lado animal tão importante para me sentir mais completa, feminina, terna e intuitiva. Apaixonei-me pela dupla e tão logo houvesse o desmame, daria os gatinhos. Morgana se deprimiu com a saída dos filhotes e tive de cuidá-la, com muita paciência e amor; decidi castrar o casal.

Apolo crescia bem afinado com meu temperamento e havia uma empatia extraordinária entre nós, no silêncio da comunicação amorosa, não escondendo minha preferência por esse animal que me seduzia por sua beleza, mansidão, concentração, higiene, disciplina, muitos atributos do deus grego da cura e da boa sorte da Índia.

Após um ano, adotei Miguel de cor azulada e formou o trio de guardiões angélicos.

Em pouco tempo, passei a ter crises alérgicas de sinusite com freqüência acusando nos testes alergia aos pelos de gato. Fiz a escolha dolorosa de me afastar dos meus queridos por ordem médica. Tratei de procurar uma nova família para Morgana e Miguel. Deixei Apolo como filho único e tentei me curar das alergias. A médica me advertiu dos danos á minha saúde e eu tive que escolher deixar Apolo ir também.

Foi um sofrimento de alma que me fazia chorar sempre e sonhar encontrando-me com ele em várias situações; creio que nunca nos separamos. A conexão que criamos se estendeu como fios de um elástico que superou separações no tempo e no espaço.

Relaciono essa conexão com campos mórficos desde o instante em que o escolhi e vice versa naquele gatil de pessoas conhecidas. Fomos atraídos para esse campo de energia para vivermos juntos como destino.

Sheldrake sugere que a comunicação telepática depende de laços entre pessoas e animais que são verdadeiras conexões que estão ligados através de campos chamados mórficos. “O campo do corpo e o próprio corpo, normalmente são relacionados da mesma maneira que um campo magnético é relacionado com um imã. O campo magnético está dentro do imã e também ao seu redor; mexendo-se o imã, o campo se mexe.”

O que Sheldrake chamou de campo é nosso Corpo Energético Invisível ou Sutil, constituído de vários campos, que formam nossa consciência transdimensional. A ciência atual ainda não considera o campo humano como real. Sua visão explicativa é de causa e efeito, considerando a matéria e a mente como produto do cérebro físico.

A nossa separação durou 02 anos e eu pressentia até quando ele adoecia e seu dono me ligava e pedia orientação; mesmo sabendo que devia me desapegar, uma força maior de pensamento e sentimento nos conectava através de sonhos, no inconsciente, e no mundo consciente.

A consciência envolve uma dimensão bem maior que nossa percepção consciente reduzida pode alcançar, pois o inconsciente é ilimitado e infinito.

Apolo retornou em função da mudança de seu novo dono para outro estado. Fui buscá-lo e criei uma ponte com minha filha deixando-o em sua casa, emprestado. Isso gerou uma briga, pois ela também se apaixonou por ele e assim, o havia perdido para sempre.

Vanessa foi morar no Rio de Janeiro e o devolveu muito sentida e o acolhi jurando que iria superar as alergias. Voltamos a dividir o mesmo espaço e reconhecer nossas afinidades como animal e humano.

Existe uma hipótese que, a depender das ligações estabelecidas com os animais, os campos mórficos são esticados e não rompidos, quando uma pessoa parte e deixa o animal para trás. Permanecemos interligados a animais e pessoas aos quais somos próximos, até mesmo quando estamos distantes, por afinidades de campo.

Na visão de Sheldrake, no fenômeno da telepatia, é melhor estudar animais do que pessoas. Cães, gatos, ou outros animais podem captar as intenções de seus donos até a grandes distâncias. O autor acha que esses campos têm uma espécie de memória, que é chamada ressonância mórfica, que dá um memória coletiva para cada espécie.

Podemos fazer uma analogia com o inconsciente coletivo que traz a memória da herança universal e seus arquétipos como matrizes de nossa origem comum a todos em sua forma oculta ou inconsciente. Quando acessamos essas representações simbólicas, entramos nesse reino mítico, imaginativo e criativo, de poderes psíquicos que vão além da mente racional e nos coloca diante da intuição e de fenômenos de sincronicidade que são naturais quando consideramos a ligação inevitável entre o observador e o objeto da observação, dissolvendo a separação entre sujeito e objeto. O cientista participa da realidade que está estudando. O mundo exterior e interior se unem. É o que Jung chama de “Unus Mundus”, visão unitária do mundo, o mandala representado pelo círculo.

A idéia filosófica alquímica é de que o ser humano é um micro cosmos estando integrado ao céu e a terra, aos reinos da natureza mineral, vegetal, animal, humano, angélico. É a busca atual do ser humano de vivenciar experiências transpessoais.

Voltando aos gatos, que é o foco de nosso trabalho, com Apolo que considero um animal curador ou coterapeuta pelas suas qualidades de percepção extra sensorial e delicadeza tornando-o singular e belo por natureza.

Os gatos parecem conseguir o que querem de seus donos por meios sutis; são introvertidos, silenciosos, calmos, se comunicam pelo olhar profundo e pelo toque como massagem se conectando com pontos de tensão trazendo alívio e conforto. São independentes e afetuosos. Têm um talento especial para detectar energias negativas dos lugares e transformar, como purificadores, às vezes ficando doentes pela carga que recebem, principalmente de seus donos.

No Antigo Egito os gatos eram considerados sagrados e cultuados como deuses. O arquétipo era representado pela deusa Bastet, cabeça de gato e corpo de mulher, como uma entidade benévola. Outra representação arquetípica dos felinos é a deusa Sekhmet, poderosa, guerreira, violenta, pois expressa sua raiva. Sua cabeça é de leoa e o corpo delicado de mulher. Dizem que uma se transforma em outra a depender da necessidade.

Os gatos são animais lunares, da noite e, portanto representam o inconsciente. Quando aparecem em sonhos, estão ligados ao sonhador pelo seu aspecto feminino. Representa a anima, a feminilidade inconsciente do homem.

Dedico esse trabalho a Apolo de Ganesha, agradecendo a convivência diária harmoniosa e ajuda especial que ele me dá, para que meu coração continue aberto através da declaração de amor que ele me inspira, diariamente. “Te amo Fofinho”.

Verusa Silveira: Médica Psiquiatra e Psicoterapeuta Junguiana.

Bibliografia:
Nise da Silveira, Gatos, a emoção de lidar.
Kate Solisti-Mattelon, Conversando com os gatos.
Rupert Sheldrake, Cães sabem quando seus donos estão chegando.
Francisco Di Biase e Richard Amoroso (organizadores), A Revolução da Consciência.
Capítulo 7, A mente ampliada de Ruppert Sheldrake.